Tecnologia 5G trará mudanças radicais para a sociedade

Quinta geração de internet móvel deve permitir que praticamente qualquer objeto se conecte à internet através da rede celular.

06 de julho de 2020 - Prof. Renato Giacomini - Eng. Elétrica - Centro Universitário FEI

A rede de internet móvel 4G já está chegando ao seu limite e está com os dias contados para dar lugar a tecnologia 5G, que começou a ser testada em meados de 2019 em países desenvolvidos como Japão, Estados Unidos, Alemanha e Coréia do Sul.

A nova rede promete fazer muito mais no futuro do que apenas melhorar a qualidade de navegação, velocidade e das populares chamadas de vídeo. Ela mudará a forma como o ser humano se conecta com o mundo. O professor Renato Giacomini, coordenador do curso de Elétrica do Centro Universitário FEI, respondeu algumas questões que ajudarão a entender melhor todo o potencial da próxima geração da internet móvel.

Mas o que é a tecnologia 5G e como ela pode mudar nossa vida?

Prof. Renato - É a próxima geração da rede celular, que substituirá a atual, 4G. Em conjunto com outras tecnologias de telecomunicações e processamento de informações, trará mudanças radicais para a sociedade. Será um salto muito mais significativo do que nas transições de gerações anteriores. Com velocidades de até 10Gbps, latência reduzida a menos de 5ms e cerca de 100 bilhões de conexões simultâneas na rede, viabilizará usos para a comunicação móvel que eram impossíveis nas últimas gerações. Espera-se que o custo por bit transmitido caia em até 100 vezes em relação ao preço atual.

Será a era do “Everything on Mobile”, onde praticamente tudo poderá ser conectado à Internet pela rede celular. Espera-se que, em 2025, o tráfego na rede seja 10.000 vezes maior do que em 2015. Dispositivos vestíveis incrementarão a qualidade de vida e a produtividade no trabalho. Sensores incorporados às roupas (ou até implantados nas pessoas) vão monitorar constantemente a pressão arterial, a frequência cardíaca, glicemia e muitas outras variáveis de interesse médico. Será possível orientar a dieta, o uso de medicamentos, a prática de exercícios e praticamente todas as atividades. Será possível observar qualquer lugar do mundo em tempo real, assim como todas as grandes cidades.

O que falta para essa tecnologia ser implantada no Brasil e no mundo?

Prof. Renato - Ainda há lacunas tecnológicas, mas já existem algumas redes experimentais implantadas e muitas empresas possuem equipamentos que trabalham em milimeter waves, faixa do espectro candidata à implantação. Naturalmente, tudo dependerá das decisões estratégicas das empresas concessionárias, mas as primeiras redes comerciais já estão sendo utilizadas.

Os aparelhos eletrônicos precisarão sofrer algum tipo de modificação para que seus usuários possam usufruir todo o potencial do 5G?

Prof. Renato - Sim. Muita coisa muda, não só nos terminais (aparelho celular), mas também na infraestrutura. Pode-se prever até 1 milhão de conexões por Km² nas áreas urbanas, o que vai se refletir na troca de equipamentos de cada célula, cada estação rádio-base. A alocação do espectro de frequências também deverá ser revista. Os engenheiros de telecomunicações têm muito trabalho pela frente, mas tenho confiança nos egressos das boas escolas. É uma geração que adora mudanças e desafios.

Podemos prever algum avanço que será possível fazer com internet 5G e que não conseguimos fazer agora?

Prof. Renato - Muitas das aplicações com especificações fortes de tempo de latência e velocidade se tornarão possíveis. Será possível, por exemplo, que os carros ‘conversem’ entre si, o que reduzirá em muito o trânsito e os acidentes. Com a latência de uma rede 4G, um automóvel move-se por dezenas de metros até que a rede possa comunicar alguma situação de perigo. Mas, com latência de 0,001 segundo, da rede 5G, o automóvel a 80Km/h se moverá menos de 3 centímetros até a informação ser transmitida.

Na sua opinião, como podemos usar o 5G para melhorar tarefas do dia a dia?

Prof. Renato - Transferindo para as máquinas e sistemas digitais as tarefas que não mereçam nossa inteligência e criatividade. Colocando nossos dados na nuvem e podendo acessar rapidamente qualquer informação, em vez de carregá-las debaixo do braço. Deixando de ‘baixar’ arquivos para armazenamento local e passando a simplesmente usá-los, quando necessário. Usando a realidade aumentada e realidade virtual de altíssima definição on-line, para enxergarmos, através da rede celular, o mundo inteiro, qualquer informação, a qualquer hora.

O que pode fazer com que essa tecnologia chegue ao seu limite?

Prof. Renato - A história mostra que a tecnologia é sempre derrotada pelas novas aplicações que surgem como decorrência dela própria. Por exemplo, a rede celular das primeiras gerações, criada para ligações telefônicas, tornou-se obsoleta rapidamente assim que foi possível a transmissão de dados. A rede 5G ficará obsoleta com as inovações a serem geradas a partir dela.

Há alguma ideia de como será a tecnologia que substituirá o 5G no futuro?

Prof. Renato - Ainda é difícil prever, mas é certo que os estudantes de engenharia de hoje serão os responsáveis pela criação do sucessor do 5G.




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